Quando as informações criam sorrisos e mudam vidas

Quando as informações criam sorrisos e mudam vidas

Quem olha hoje para a Mariana vê uma menina alegre, brincalhona e que distribui sorrisos por onde passa. Mas nem sempre foi assim. Quando ela nasceu, a sua mãe Jessika passou por momentos difíceis nos seus primeiros dias de vida. Tudo por conta da falta de informação e de uma avaliação incompleta da sua bebê recém-nascida.

Com uma semana de vida, a Mari engasgava quando a mãe tentava alimentá-la. “Ela regurgitava toda vez e acabava engasgando. Eu comecei a ficar desesperada, pois ela já estava com sete dias de vida”, explica Jessika.

Isso aconteceu porque a mãe só descobriu a fissura no palato quando a Mari estava com uma semana de vida. Durante a gravidez, ela fez todos os exames, mas a fenda palatina não apareceu nos ultrassons. E quando a menina nasceu, o pediatra responsável não fez nenhuma avaliação na boca dela. Então, ela levou a filha recém-nascida para casa sem saber que ela tinha a fissura no céu da boca.

Com muita dificuldade para alimentar a bebê, a Jessika procurou um segundo pediatra, que, por sua vez, conhecia a Operação Sorriso e as fissuras labiopalatinas. “Ele me explicou que ela tinha nascido com a fissura no palato e nos orientou sobre todos os cuidados que precisávamos ter. Compramos um travesseiro específico para evitar o refluxo e começamos a colocá-la de lado quando fosse dormir”, conta a mãe ao citar alguns dos cuidados que passou a ter após as orientações.

Com os cuidados em dia, o próximo passo foi buscar pela cirurgia. Aos 7 meses, a Jessika ficou sabendo sobre um programa cirúrgico da Operação Sorriso que aconteceria em Porto Velho (RO). As duas moravam no Estado, mas na cidade de Vilhena, que fica a 12 horas de viagem de ônibus.

Em 2018, elas participaram de dois programas, mas a Mari não foi selecionada. No primeiro encontro, ela ainda não estava na idade adequada para cirurgia e na segunda estava com um resfriado, o que impediu a operação.

Em 2019, porém, elas voltaram e a Mari foi uma das crianças selecionadas. Foi ali que ela fez a sua 1ª cirurgia corretiva no palato. Porém, ao voltar para Vilhena, por conta da mudança drástica de tempo, a pequena acabou pegando um resfriado e os seus pontos não tiveram a cicatrização ideal, o que deixou uma pequena abertura no céu da boca. Então, elas voltaram neste ano de 2022 para refazer a cirurgia e fechar completamente o palato.

“Estamos muito felizes. Agora a Mari vai falar melhor, porque ela ainda tem a voz um pouco anasalada. Faz 6 meses que ela começou a frequentar a escola e a gente vê que ela tem um pouco de dificuldade. As crianças a deixam um pouco de lado porque não conseguem entender bem o que ela fala. Com essa cirurgia, até o convívio com os coleguinhas vai melhorar”, conta a Jessika cheia de alegria.

Para ela, além da cirurgia, as informações que as famílias recebem durante os programas cirúrgicos da Operação Sorriso são muito importantes. “Eu participo de alguns grupos que têm mães de outras crianças nascidas com fissuras e a gente vê que muitas pessoas não sabem onde procurar por informações e por ajuda. Muitas delas afastam as crianças do convívio com a sociedade por medo do preconceito e por não saber como conseguir o tratamento adequado”, explica.

E ela complementa. “Por isso, a gente só tem a agradecer a Operação Sorriso. Vocês trazem o sorriso dos nossos pequeninos de volta e o nosso também! Quando a gente (mãe) descobre sobre a fissura, ficamos desnorteadas, porque muitas de nós nunca tínhamos ouvido falar sobre fissura. A Operação Sorriso vem para nos dar essas informações e isso traz a nossa alegria de volta”.

Coincidência ou não, a Mariana foi operada no dia 24 de junho, que recentemente foi oficialmente reconhecido no Brasil como o Dia de Conscientização sobre a Fissura Labiopalatina. A Jessika e a Mari são a prova viva de que as informações e a conscientização sobre as fissuras labiopalatinas podem mudar a vida das pessoas, trazendo muito mais qualidade de vida às crianças e segurança às famílias ♥️

Você pode fazer a diferença na vida de crianças como a Mari em menos de um minuto! Clique aqui e faça uma doação para a Operação Sorriso via cartão de crédito ou PayPal aqui pelo nosso site. 

900 vezes, sorriso!

900 vezes, sorriso!

A numerologia descreve o 900 como a representação de que alguma grande mudança está prestes a acontecer, trazendo um novo começo e, com ele, novas energias para a vida de uma pessoa. E essa grande mudança, de fato, aconteceu. Ayla Beatriz Oliveira Tavares, guarde bem esse nome, pois ele está marcado na história da Operação Sorriso em Santarém, no Pará.

Tudo começou no dia 8 de maio, quando a pequena Ayla, com apenas sete meses de vida, e a sua mãe Carolaine, 24, enfrentaram uma viagem de barco e um trajeto de 24 horas, saindo de Terra Santa, onde moram, até Santarém. Ao chegar na cidade, elas participaram do 1º dia de atendimentos do programa cirúrgico da ONG, data que foi ainda mais especial para elas: o Dia das Mães foi celebrado naquele domingo, mas o maior presente que a Carolaine poderia receber estava por vir.

A Ayla participou da etapa de triagem, onde foi avaliada por equipes da Operação Sorriso, compostas por profissionais de diversas especialidades como anestesia, enfermagem, cirurgia plástica, fonoaudiologia, genética, odontologia e psicologia, entre outras – um verdadeiro mutirão de atendimentos de saúde. Logo naquele momento, todos se encantaram com o sorriso fácil e carinhoso dela.

Ela e a mãe estavam ali porque alguma coisa estava faltando, um pedacinho daquele lindo sorriso que precisava ser completado. A Ayla nasceu com uma fissura labial unilateral, o que significa que o lábio dela não foi completamente formado em um de seus lados durante a gravidez – no caso dela, foi o esquerdo. A condição é relativamente comum: uma a cada 650 crianças nascidas vivas possui algum tipo de fissura labial e/ou no palato (o chamado “céu da boca”).

Depois que a Ayla foi avaliada por toda a equipe, a Carolaine ficou na expectativa de que a sua filha fosse aprovada para a cirurgia. Um dia depois da triagem, a grande notícia chegou: a Emily, uma das voluntárias da OSCA Santarém, ligou para ela e informou que a Ayla seria operada no dia 10, o primeiro dia de cirurgias. A OSCA é um grupo que reúne mais de 150 estudantes universitários locais. Eles participam dos programas da ONG em Santarém desde o início, em 2007.

As duas chegaram ao hospital na tarde do dia 9 para realizar a internação e passaram a noite acompanhadas pelo time de enfermagem. No dia seguinte, logo pela manhã, as operações tiveram início e a Ayla foi a primeira paciente a terminar a sua cirurgia. Neste momento, ela tornou-se a paciente de número 900 a ser operada em Santarém pelo time da Operação Sorriso durante os últimos 15 anos de atendimentos.

“Eu descobri que ela tinha nascido com a fissura no lábio somente quando ela nasceu. As enfermeiras que vieram me contar e me falaram que tinha uma equipe, a da Operação Sorriso, que fazia esse tipo de cirurgia. A partir daí eu fui encaminhada para a Casa da Criança, aqui em Santarém”, relembra a mãe Carolaine.

Ela também conta que ficou muito feliz ao descobrir que a filha é a paciente 900 da Operação Sorriso em Santarém. “Quando eu vi a foto dela nas redes sociais, eu fiquei alegre. Eu disse: ‘meu Deus, a mulher está fazendo sucesso’. Foi maravilhoso”, conta, rindo de felicidade.

Além da Ayla, outras 50 cirurgias aconteceram durante o programa cirúrgico em Santarém. Mas elas não são apenas cirurgias. Elas representam sonhos de crianças, adultos e até idosos que passaram pelos atendimentos. São pessoas que querem ser vistas, amadas e querem se sentir importantes. Algumas delas têm o sonho de passar um batom ou simplesmente de poder conversar com outras pessoas sem ter medo do preconceito. A Ayla ainda é muito nova para sabermos qual é o sonho dela, mas uma coisa nós temos certeza: não é a fissura que vai impedi-la de conquistá-lo.

Sobre a Operação Sorriso

A Operação Sorriso é uma das maiores organizações médicas voluntárias do mundo e atua por meio de programas cirúrgicos para oferecer atendimento e cirurgias gratuitas para crianças e adultos nascidos com fissuras labiopalatinas. A organização atua Brasil há mais de 25 anos e já operou quase 6 mil pessoas em 16 cidades. Para saber mais, acesse https://www.operacaosorriso.org.br

O amor de uma avó que nunca desiste

O AMOR DE UMA AVÓ QUE NUNCA DESISTE

Alguns pacientes têm uma longa história com a Operação Sorriso. Dependendo do tipo de fissura labiopalatina, alguns precisam de muito mais do que uma única cirurgia. Um deles é o Francisco, que conhecemos em 2016 durante uma missão humanitária em Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Muito tímido, ele pouco interagia com as pessoas. O tom de voz muito baixo e o olhar, frequentemente voltado para o chão, escancaravam a vergonha que o menino tinha por causa da fissura labiopalatina que estava em seu rosto. Os longos cabelos, inclusive, eram usados para esconder a malformação em seu rosto.

Junto com Francisco, conhecemos uma das pessoas mais especiais nesses últimos 23 anos da Operação Sorriso no Brasil: a dona Cosma. Então com 67 anos, a avó foi quem criou o menino desde o seu nascimento. “O pai nunca foi presente na vida dele e a mãe dele, minha filha, me entregou o Francisco quando ele saiu da maternidade, porque disse que não saberia criá-lo”, conta a idosa.

O menino tinha uma fenda bilateral no lábio e outra fenda no palato. No momento do nascimento, a família não foi orientada sobre como ele deveria ser alimentado. Segundo dona Cosma, ele não mamou e engasgava muito ao receber líquidos. Por causa disso, ela passou a alimentá-lo apenas com uma colher.

Desistir não é uma opção

Dona Cosma e Francisco vivem em Marizópolis, no sertão da Paraíba. Ela levou o garoto duas vezes até a capital João Pessoa para tentar uma cirurgia reparadora, mas nunca conseguiu, pois ele tem asma e os médicos diziam que seria um risco operá-lo.

Então, em 2016, o pai de uma voluntária da Operação Sorriso ficou sabendo do caso de Francisco e avisou Dona Cosma sobre a missão humanitária da Operação Sorriso que aconteceria em Mossoró, no Rio Grande do Norte, a quatro horas de carro de Marizópolis.

Mais uma vez, dona Cosma levou o filho/neto em busca da sua cirurgia, mas, dessa vez, ela fez uma promessa para São Francisco: se ele fosse selecionado, o menino cortaria o longo cabelo para agradecer pela sonho realizado.

O início da transformação

Aos 12 anos, em 2016, Francisco foi um dos 53 pacientes selecionados para a cirurgia. No dia seguinte da operação, dona Cosma cumpriu a promessa e cortou o cabelo do menino para agradecer pela graça alcançada. Ele nem se importou, a felicidade agora era mostrar o sorriso novo que ele tinha no rosto.

Seis meses depois, voltamos à Mossoró e lá estavam Francisco e dona Cosma. Agora, a esperança era conseguir uma cirurgia para reparar a fenda palatina. Mais uma vez, o neto foi selecionado e a operação foi realizada.

O tempo se passou e, em 2020, reencontramos os dois. Agora com 16 anos, Francisco já tinha crescido bastante e dona Cosma continuava com o mesmo carisma encantador. Dessa vez, o objetivo era realizar um reparo na cicatriz que ficou acima dos lábios e, novamente, ele conseguiu.

Ao ser perguntada sobre o que mudou desde a primeira operação, dona Cosma lembra que antes, quando saia com o neto na rua e alguém apontava para ele, Francisco se escondia atrás dela. “Ficava com pena e acabava voltando para casa”, relembra. Na escola, as crianças também já não mexem mais com ele. “Ele ainda é envergonhado, mas hoje tem amigos e é bom aluno”, diz a avó orgulhosa. A matéria preferida? Geografia. E um dos hobbies favoritos é jogar Minecraft no celular.

Apesar dos 71 anos, dona Cosma segue com bastante energia. Enquanto Francisco era preparado para mais uma cirurgia, ela batia papo com os voluntários e até se arriscou em uma roda de samba formada por algumas enfermeiras e médicas da Operação Sorriso.

O futuro de Francisco

As cirurgias permitiram que o garoto pudesse frequentar a escola e aprendesse a ler e escrever, algo muito importante para dona Cosma. Analfabeta, ela sonha com um futuro melhor para o neto. “Quero que ele seja uma pessoa do bem. Ele escreve bem, tem a letra bonita… Oriento ele a estudar para que consiga um emprego bom em um escritório”, conta a avó.

Ao ser chamada para buscá-lo da última cirurgia, dona Cosma juntou as mãos e agradeceu a Deus. “Estou muito feliz que deu certo mais uma vez. Sou religiosa e rezei muito para que a gente fosse agraciado de novo. Sempre assisti a missa na televisão e rezava de olho fechado, porque tenho muita fé. E olha aí como funcionou”, agradeceu a idosa.

Você pode transformar a vida de famílias como a da dona Cosma e do Francisco.

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